Actoris di Merdia
Realmente séries como os Morangos com Açúcar fizeram acreditar que é possível e que é acessível a qualquer um...
O quê? A carreira de actor/actriz e quanto mais canastrão/canastrona melhor! Talvez influenciados por tal brilhantismo, olho ao redor e vejo cada vez mais candidatos a seguir tal percurso profissional. Pessoas para quem o dramático, a tragédia, a aventura ou a realidade fabulástica não é mais do que a livre expressão do seu dia-a-dia.
Todos os dias sou confrontada com o que alguém designou por «teatris di merdia». Pessoas que vivem sob uma fachada, que interagem com os outros sob falsas aparências e que mentem com todos os dentinhos que têm na boca. Esta espécie tem a particularidade de se querer dar bem com Deus e com o Diabo, de querer ser socialmente activo, frequentar festas e todo o tipo de eventos que revelem o que "melhor" há nela. Pretendem passar a imagem dos grandes malucos, dos muito inteligentes, dos rebeldes, dos santinhos, dos metrosexuais, dos desprendidos do fútil, dos que não julgam, dos que têm valores, enfim… parece-vos contraditório? E é! Mas estes seres são arraçados de camaleão e mudam com tanta ou mais facilidade que os bichinhos reais, mas com objectivos perfeitamente distintos. Os originais camuflam-se para se confundirem e se protegerem, é um reflexo automático, não escolhem. A nova espécie, a que penso aplicar-se o nome cientifico «actoris di merdia», procura precisamente o inverso, ou seja, assumir papéis distintos em função do público que tem à frente, sempre com a condição essencial de encaixar na perfeição no grupo e, preferencialmente, poder ser a estrelinha do circo.
A reacção do comum dos mortais, pessoas simples, do "campo", como eu e um grupo restrito de seres iluminados, raia entre o espanto, o gozo total e a quase vontade de desmascarar tais seres petulantes. "Quase" é de facto a melhor palavra que descreve a espécie em acção. "É pah está quase pronto", "sou quase bom (boa)", "estou quase a conseguir", "estou-me quase a vir". Haja paciência!
Aliás, julgo que esta espécie, em real expansão, está mesmo protegida por alguma entidade divino-petulante. E digo mais… estão também abrangidos pela alçada da cegueira bruta e estúpida porque estou certa, pelas observações no terreno que tenho feito - e lá está, fazendo várias vezes a experiência obtive sempre os mesmos resultados o que valida a cientificidade do facto, os «actoris di merdia» - estão tão embrenhados neste seu papel/esquema que ficam cegos e pensam que todos o são. Não se dão a mínima conta que se contradizem, que se baralham, que qualquer pessoa mais observadora os topa a milhas e lhes capta a cena. Estou certa que mentes menos iluminadas embarcam no «teatri di merdia» e, infelizmente, há muitas assim, representando, claro está, o seu público-alvo favorito. Porque se entusiasmam com a trama, fazem perguntas, deslumbram-se de tal forma, que se lhes consegue ler o brilhozinho nos olhos, "Possas, quem me dera ser assim e ter uma vida assim! Este gaijo/gaija é tão fixe!"… Coitados… Nem se apercebem de nada… Pensam que é a TVI e ficam ali a fazer de figurantes. enquanto os «actoris di media» jubilam e emanam energia po… dre!
Ainda bem que sou uma "cientista do social" e posso ver isto tudo com clareza. E não é que os seres até já me ganharam confiança e me deixam trabalhar dentro do seu habitat natural? Consideram-me segura, quem sabe até pensam que me enganam!...
ass: gaija trendy (cientista do social), com apoio de Euzinha (também a fazer incursões no terreno!)
4 Comentários:
Isto dá uma tese de mestrado... Keep on!
Sim! E de doutoramento também, é que também existem os denominados tótós di merdia!
Concordo contigo, até certo ponto. Enfim, é válida, mais do que válida a tua posição.
Beijinhos
Quando escrevi este post, pensei em algumas pessoas que também fazem parte do teu imaginário (aliás são bem reais eu diria!).
Beijinhos
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