Era suposto ter sido uma noite animada, com muito convívio, uma espécie de até já, porque vamos de férias e só nos vamos ver daqui a um mês.
A ideia era fazermos um “pugrama” giro e divertido, fomos para a Costa, porque com o calor insuportável que estava, “o que sabia mesmo bem era estarmos sentadinhas, calmamente, numa esplanada à beira-mar, ao sabor do vento...”
Sentadinhas lá ficamos, mas não calmamente. Ao fim de uma hora e tal sem vir o nosso pedido, decidimos que já chegava, não sem antes uma troca de palavras mais acesa entre nós e o empregado de mesa, que sem razão, ainda se armou em engraçadinho. Fomos até à concorrência, mas aquela hora (23h) já não serviam refeições. 23 minutos depois, já noutro concelho, a mesma conversa, “já não servimos refeições”. Lembramo-nos do Mac e lá fomos pela auto-estrada alegremente. Estacionámos, mas o restaurante já estava fechado, mas pronto fizemo-nos passar por carro (só a trabalheira de voltar a pegar no carro) e lá fomos para o
drive-in, animadas e a barafustar com o secante episódio da Costa. O repasto caiu que nem ginjas, nem falávamos, tal era a fomeca.
Finda a refeição, arrancámos em direcção ao Mira, ainda lentamente...Passámos por um viaduto e “pumba”, grande estrondo. Inicialmente pensei (e depois mais tarde as três percebemos que tínhamos pensado o mesmo) que tinha sido um tiro, só senti o vidro do pára-brisas a desabar sobre nós, fechei os olhos e só por um acaso de sorte não nos despistámos. Naqueles segundos, que pareceram uma eternidade, só pensei “mataram a Deusa”, nem me atrevi a olhar para o lado e o choque fez me continuar a conduzir, vá se lá saber porquê!!! Depois, percebi que tinha sido uma pedra enorme, que também por um acaso de sorte não entrou vidro adentro. Até que a Deusa falou e gritou “pára o carro”. Parei, ela saiu, a Euzinha também, percebi que apesar dos estilhaços que cobriam o corpo da Deusa, estávamos todas bem. No meio da atrapalhação, ainda sacudimos os vidros com as mãos, mas era impossível limpar tudo porque os vidros estavam por todo o lado. Aí descompensei, né e fartei-me de chorar de alívio, de descompressão, porque afinal já não tinha que ir dizer à mãe da Deusa que a filha dela tinha morrido (em segundos fiz um filme de todo o tamanho!).
Após uns quantos telefonemas, com a Euzinha a servir de interlocutora, porque eu entre soluços não conseguia falar, liguei o pisca e lá fomos nós de novo, muito devagarinho, a rezar para que o resto do vidro não caísse. As minhas co-pilotos foram excelentes e com muitos piiiiis à mistura, trataram da saúde ao pessoal que apitava e que não percebia que eu ia em marcha de urgência, duh...
Parámos na esquadra da GNR, mais cenas recambolescas...não vale a pena contar tudo, mas pronto, posso dizer que com o stress não entrámos pela porta normal, mas sim pelo quintal, falámos todas ao mesmo tempo e alto e inclusivamente o Guarda teve que nos mandar calar...mais...apareceu um tóxico e criou mais aparato, no meio ainda houve conversas sobre o porco que o Guarda assou no baptizado dos netos, enfim...
Enfim é caso para dizer que o “pugrama” não foi um bom “pugrama” e que há vidas com demasiada luz...
ass: gaija trendy